Krist Anthony Novoselic, nascido a 16 de Maio de 1965 em Compton (Califórnia) e hoje em dia assim como Dave Grohl, Krist Novoselic também está feliz. Mas levando uma vida completamente diferente do ex-parceiro. Casado, ele fala de sua casa em Seattle, ao mesmo tempo em que vê televisão, provavelmente abraçado ao gatinho de estimação. Enquanto o bichano mia, ele pausadamente conta que não é mais aquele maluco que mandava o baixo pro ar e que várias vezes se aleijava com gesto. "Tudo mudou na minha vida depois da morte de Kurt". Um dia antes de ele morrer, eu era um garoto sem saber como as coisas funcionavam. Um dia depois, me transfomei num adulto. Comecei a ver o que estava errado na minha vida e a melhorar o que estava certo. Parei de beber e estou tentando a ter uma vida mais saudável", diz. Bastante realista, Krist atesta que o maior problema de Kurt e dos "Nirvana" era o abuso de bebida e de drogas. "Bebíamos demais, era uma espécie de disfunção, pegávamos muito pesado no álcool e nas drogas. A tragédia com Kurt fez-nos ver que é muito importante estar saudável fisicamente e mentalmente", revela. para isso, Krist está a fazer ioga e "tentando virar vegetariano há anos". "Mas, tá um pouco difícil, sabe? De um peixinho eu não abro mão...".
Em relação às drogas, ele garante que está distante delas. "Eu não sou maluco de recomendar que as pessoas usem drogas. Mas viver e aprender é a melhor coisa, é preciso se queimar para ver como o fogo é".
O problema é, "quando nós deixamos de controlar as drogas e elas passam a controlar-nos, aí o sujeito está encurralado...", ensina, do alto dos seus 32 anos. "Acho que quando se tem 20 anos é a hora dea pessoa fazer as suas merdas... eu fiz as minhas... Só quando entrei na casa dos 30 é que percebi que tenho toda uma nova década pela frente", completa. Muito bem: idade nova, vida nova, banda nova. E instrumento novo!
O ex-baixista dos "Nirvana" hoje toca guitarra de doze cordas nos "Sweet 75", o grupo que formou com a lésbica venezuelana Yva Las Vegas. É ela quem escreve todas as letras, falando da sede da gravadora, em Seattle. "São sobre coisas mais pessoais... Gosto de canções de amor", revela. E explica como tudo começou: "A mulher dele contratou-me para tocar numa festa surpresa para Krist. Foi no dia 16 de maio 1994, pouco depois da morte de Kurt. Ele estava tristíssimo, aliás, ninguém na festa estava muito bem. De qualquer forma, ele se surpreendeu com as coisas venezuelanas que eu toquei e, dias mais tardes, chamou-me para formarmos uma banda", conta.
Perguntada sobre como é trabalhar com um homem que faz parte da história do rock, ela responde com ternura: "No começo, eu pensava nisso e a relação do trabalho ficava um pouco mais dura. Hoje, nós somos amigos; as pessoas criaram um mito que não corresponde ao que Krist é realmente. Ele é um docinho... Um sujeito maravilhoso, bom carácter e absolutamente normal, sem 'rock-estrelismos' ". Agora, depois de pequenas turnês pelos EUA abrindo para os "Dinosaur Jr." e para os "Sky Cries Mary", os "Sweet 75" estreia em CD. E que estreia. Sweet 75, o álbum, é um dos discos mais estranhos da temporada. Não se parece com nada. "O que nos caracteriza mesmo é a guitarra de doze cordas, a voz meio blues da Yva e um formato de pop bem radical... Yeah!", explica Krist, empolgado. Já um crítico de Seattle definiu o som da banda como louge grunge (algo como grunge de salão, referindo-se ao som easy listening dos anos 60). E então, Krist? "Ha-ha-ha... Ele está a falar principalmente da música "La Vida", ela tem aquele espírito louge, com naipe de metais misturado com vários elementos do grunge. É um negócio meio híbrido". Não tem nadinha mesmo a ver com os "Nirvana"... E Krist acha isso excelente: "Embora os fãs esperassem algo parecido com os "Nirvana", é melhor que os "Sweet 75" só que completamente diferente".
Artistas são motivados por superar fronteiras. Os "Nirvana" gravaram "In Utero", seu último álbum, em 1993. Se hoje estivéssemos juntos, provavelmente teríamos mudado algo no som da banda. Kurt era muito talentoso, criativo, estava sempre a procura de coisas novas. Isso é fundamental para qualquer artistas. O exemplo dos "Sepultura"..." Sepultura? "Acho Roots um disco maravilhoso. Mal posso esperar pelo disco novo...", diz e emenda uma palhinha feliz da vida: "Roots, bloody, roots!" A felicidade vira surpresa quando o repórter lhe diz que Max Cavalera deixou o grupo. "O quê??? eles separaram-se? Max mora em Phoenix, não é? E os outros rapazes?", pergunta, ansioso.
De volta a assuntos mais amenos, Krist explica porque não voltou com um trabalho a solo. "Eu não acho que seja capaz de ser líder de uma banda. Não sou compositor. Crio muitos riffs, mas não sou capaz de sentar, agarrar a guitarra e fazer uma canção. Preciso de estar em contacto com sentimentos, experiências diferentes... É isso que faz a diferença", diz.
Anotado. Filho de croatas, em 1995 Krist teve intensa na assistência às vítimas da Guerra da Bósnia: foi lá conferir de perto a tragédia e escreveu o texto principal da coletânea "Help", disco cuja renda foi toda revertida para os órfãos e as crianças carentes da região. Ainda naquele ano, lutou pelo fim da censura na música, auxiliando o antivista Richard White na organização Jampac (Joint Artists and Music Promotions Political Action Committee). "Tenho de me manifestar contra as coisas que me agridem filosoficamente.
O negócio agora, garante, é se dedicar mesmo ao Sweet 75: "Há muito trabalho pela frente. A maior missão é fazer com que o público se envolva com a música do grupo. Queremos ser aceites pelo trabalho, não por ser a banda do ex-baixista dos "Nirvana".
Mais actualmente Krist entrou para a política e já é afiliado ao partido democrático dos Estados Unidos, que é a oposição a George W. Bush. "Estou avaliando seriamente a maneira como estarei envolvido no processo eleitoral do ano que vem e espero dar a minha contribuição ao estado", declarou o baixista ao jornal The Seattle Times.
Hoje é baixista da banda Flipper, banda de São Francisco criada em 1979.
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